domingo, 24 de fevereiro de 2013

João Rosa de Castro - Adeuses


A MADEIRA
           (a Eduardo Frota)

Pula o cano de madeira,
pula a espessa mangueira
para vê-la até ao fim.
A água nela se filtra
No fim dá mina límpida.
As curvas que ela faz no peitoril
Lembram a serpente e a peçonha,
Marcam o caminho escondido
Dos seres que rastejam e procuram.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

João Rosa de Castro - Adeuses

A PEDRA

No meio do caminho, eu quebro essa pedra,
No meio do caminho, eu mordo essa pedra,
No meio do caminho, eu parto essa pedra em duas,
No meio do caminho, eu torno essa pedra pó,
No meio do caminho, eu passo por essa pedra
E chego ao destino por que fui enviado,
E chego ao destino para que fui incumbido!

domingo, 10 de fevereiro de 2013

João Rosa de Castro - Adeuses

POEMA DE AMOR

A máquina do metrô se apaixonou
Foi por isso que então me confessou,
Mesmo que eu não fosse confessor.
Mas ela é que achou que eu fosse honesto,
Honesto, sim, porém não sou um túmulo.
A máquina do metrô da mesma forma
Contou-me tudo para que reencontrasse
O seu amor que há muito ela não via.
Ele, dizia, é o amor por que fui feita.
Enfia-me as notas com candura.
Aperta os meus botões com uma presença,
Que me deixa assim extasiada.
As digitais do homem já conheço
E sinto o seu perfume à distância.
A máquina do metrô disse que era
Grande como as grandes mulheres:
Entre centenas de homens já sabia
Por qual deles podia enamorar-se!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

João Rosa de Castro - Adeuses

POEMA DE OITO FACES

Não se aproxime do louco,
Que a loucura é contagiosa,
Já pensou conversar com as paredes
E ler os recados dos céus?

Hoje parece domingo,
Não tem nada na televisão,
Cachimbo, cachimbo, cachimbo.

Juntarei todos os meus pedaços num só verso,
Sem pensar que seria tamanha crueldade.
Lavar os vidros de um arranha-céus é menos arriscado:
Não existe harmonia entre dois seres.

Há uma muralha altíssima entre mim e você.
Que faremos para sermos, apenas?
A cova dos leões tem lâmpadas.

Agorafobia, claustrofobia,
Xenofobia, libidofobia:
Eis um sinal de menos.

A pressão horizontal juntou-se à pressão vertical
Num complô irredutível
Só porque eu não sorri de verdade.

As nuvens disseram:
“Let it be – us”

Oeste, oeste distante,
Aqui no meu peito
Só existe bangue-bangue!

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...