domingo, 28 de setembro de 2014

João Rosa de Castro - O Sonho de Terpsícore - Com Prefácio de Carmen Liz Vieira de Souza

RACHEL SEMPRE DESCOBRIA A SAÍDA



Rachel sempre descobria a saída
Da prisão que fazia o tempo.



Libertara-se de repente enquanto pairava
Sobre a nuca certa de Fabiano.



Ela levou um susto e disse “Solta!”



Eu queria estar só.



Ninguém visse que eu estava livre.



A liberdade me fazia vergonha.



Ruborizara, mas não tinha jeito.



Que sina era esta de ser feliz?
Justo no meu momento
Mais distante de mim mesma!




A partir dali, Rachel teve de usar disfarces para andar pelo mundo!

domingo, 21 de setembro de 2014

João Rosa de Castro - O Sonho de Terpsícore - Com Prefácio de Carmen Liz Vieira de Souza


FLORA SEMPRE ERGUIA CESÁRIO


Eu sabia de você
No alto sobre mim.


Seu suor caíra
E molhara o meu rosto.



Eu sempre quisera,
Mas não podia.
Sua testosterona
Simbolizava justamente o contrário.



Mas não, eu erguia você
Para todo o mundo ver
Que eu era honesta
E ainda mãe
E ainda quente
E ainda sóbria
E ainda pensava
No que o mundo estava pensando
Intenso.



Que força, meu “Deus”!
Que coragem!



Que bailássemos as horas
E iluminássemos o tempo.
Que bailássemos as ruas
Onde os carros passavam.



Depois de erguer Cesário
Eu queria dançar com o pulso
Do meu próprio coração…!

domingo, 14 de setembro de 2014

João Rosa de Castro - O Sonho de Terpsícore - Com Prefácio de Carmen Liz Vieira de Souza


CESÁRIO SEMPRE ENCONTRAVA SEU GRANDE AMOR


Tinha muito para esconder naquela queda.



Os skinners não diriam o que eu pensava.



O meu juízo surgia no impacto
Do meu peito protegido sobre o chão.



O chão que me pertencia
Possuía uma fina sintaxe.



A cada ser falaria de um modo.



É por isso que nele eu rodava, pulava, era.



Tinha tanto a ocultar naquele passo
Que o grande público não seria suficiente
Para decidir se nele eu amava com fervor
Ou odiava com o furor que contamina.
Que não tentassem me salvar tantas vezes.



Eu precisava conhecer o precipício.



Familiarizar-me com os gritos de agonia.



Voltar triunfante e provar que viver enobrece.



Que não tomassem meus rodopios por prece.



Que me soltassem!



A dor podia ser uma ilusão.



A não-dor uma infinda fantasia.



Que parassem de me comparar com Sofia.



Ela era ela, eu era eu!

domingo, 7 de setembro de 2014

João Rosa de Castro - O Sonho de Terpsícore - Com Prefácio de Carmen Liz Vieira de Souza

O ROXO DO ARCO-ÍRIS



No mercado tinha fila.



No arco-íris tinha roxo.



Na cidade tinha porcos.



No cinema caridade.



No meu pensamento ânsia.



No quintal tinha amora.



No elevador: espelho.



Na minha boca: resposta.



Na dança vira poesia.



Na poesia – a dança.



Era tudo pura heresia.



A verdade vinha truncada.



A minha pele, o meu dia
Estiveram ressecados.


Ai que enjoo que sentia.
Ai parecia que estava grávida.



Que tocássemos nosso sino.
E víssemos se a dança a ânsia apagava.
E víssemos se o pulo o tombo cansava.

E víssemos se o anjo amava a anja e nos esquecia…!

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...