domingo, 28 de dezembro de 2014

João Rosa de Castro - Paisagens Oníricas - Com Prefácio de Olga Maria Gonçalves


O FAVÔNIO DO OESTE
                                                                                               (À Kimberly)
Eu queria tomar um porre homérico.

Eu queria um poema ingoogolável.

Traria para a realidade todas as possibilidades dos sonhos.

Tudo seria trágico.

Tudo seria mágico.

Mas o dia, a tarde, a noite, a madrugada foram incompletos.

Eu queria um poema homérico.

E tomar um porre ingoogolável.

Fazer as pazes com todos os meus inimigos.

Deixar os amigos contrariados.

Mas isto é tão cristão.

A poesia, o álcool, os inimigos – tudo tão cristão.

Eu queria tomar um porre homérico.

Hercúleas sagas que sem ouvir se conhece.

Do homem que faz pacto com a dor.

Do homem que mente mentiras feias.

Do homem que em silêncio pensa ser pobre ou vão.

Seria um poema eclético.

Um porre extrawickipediano.

Só os deuses saberiam de suas catacumbas.

Mas o meu amor não veio,

E mais uma vez tive orgulho da minha tão sóbria solidão!

domingo, 21 de dezembro de 2014

domingo, 7 de dezembro de 2014

João Rosa de Castro - O Sonho de Terpsícore - Com Prefácio de Carmen Liz Vieira de Souza

RACHEL ÀS VEZES SE REBELAVA

Não me queiras malbaratar as sutilezas do monumento humano que é meu bailar; não bailo involuntária ou inconsciente como respiro, ou por acaso, como as periguetes rebolam; não é articular-me como se digerisse, como se sonhasse, como se morresse. Não malbarates um monumento humano, que é assim humano, assim monumento, pois age no mundo tanto como qualquer monumento anseia como quanto o que há de mais humano acomoda, assimila, devaneia – bailar não está possível para sequer uma fotografia, para uma película inteira, tampouco para a tinta e os dedos de um reles poeta; bailar não se malbarata, não se compara; não se vende abaixo nem acima de custo, nem com prejuízo, muito menos lucro injusto; bailar não se emprega ou se gasta inconvenientemente; não se dissipa, não se desperdiça.
Não me venhas desbaratar as nuanças do panteão clemente que me são os ritmos dos movimentos; não me movo independente da minha vontade ou na emergência de viver; sequer fortuita como uma perua galinha saracoteia; são se trata de unir partes do meu corpo como se macerasse rochas no estômago, como se onírica, apontasse.

Estou para não me alcançar nada o mérito – talvez o silêncio me pague, ou as andorinhas de abril!

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...