O MACHO
O macho, com sua voz
tão grave,
Deu um grito que
acordei assustado.
Era brincadeira de
assustar.
Depois contou
histórias longas
Com sua presença
protetora.
E eu ouvia escondido.
O macho, com sua pele
rija,
Fazia-me lembrar
tempos remotos.
E as risadas que eu
ouvia
Desconcentravam a
minha dança.
Eu atento a cada
palavra do macho,
Imaginava vírgulas e
travessões.
O macho, com sua lei,
Me fazia pensar que
faltava muito...
O Deus dizia: “É o
Pai.”
O Pai dizia: “É o
Deus.”
O Pai era mais
modesto que o Deus.
Fazia-se de escravo
Dele.
Eu fui tendo medo do
Deus.
O Pai achava o Deus
bom.
O Deus achava era o
Pai.
Parecia que não me
queriam bem.
Eu enciumava o Deus
com o Pai.
Eu enciumava o Pai
com o Deus.
O Pai, com sua canção
funda,
Parecia-se tanto com
o Deus
Que eu não sabia mais
Quem era quem.