domingo, 25 de junho de 2017

João Rosa de Castro - Zum


FECUNDAÇÃO


O meu sorriso alcançou
O que o germe evita.
O que mais sublimar,
Como ainda sublimar
Se já a arte não comporta
Os meus barcos,
Os meus laços,
Os meus passos sob a chuva?

O meu segredo incitou
O que o rosto condena.
Nessa antítese,
Nesse meio,
Nesse muro desenhado,
Acredito só nas sombras,
Que a ilusão dos corpos,
A noção de objetos,
Tiram de mim o mantra,
Tiram de mim o tempo,
Tiram de mim o deus.

O meu desejo escreveu
O que com os olhos se apaga.

domingo, 18 de junho de 2017

João Rosa de Castro - Zum


NANQUIM ABERTO


Até mesmo quando o silêncio das vozes o condena
Você tenta gerar sons que o absorvam.
Você será o eterno salvador de si mesmo.
O seu próprio perdão permite
Que sua tez se fortaleça.
Prova de que você,
Indivíduo mediante a multidão,
Se pluraliza pois que já compreende
O aceno do abastado e o olhar do miserável.

Até mesmo quando o seu próprio dedo o acusa
Você busca o álibi para defender-se.

Já ser uma ponte,
Já ser um contraste,
Já ser intermédio,
Já ser a saída,
Exige mais formas de como ser útil?

Um bobo da corte,
Um clown periférico,
Chacota de sujeitinhos – NÃO!


Sem informação,
Sem religião,
O R.E.M. o desperta
Enquanto você dorme um sono que atinge as distâncias.

Você acaba de não mais ser insustentável.

domingo, 11 de junho de 2017

João Rosa de Castro - Zum


CAVERNA DE NÉON


A entrada do shopping center
Tinha gente desocupada.
A mente absorta nas marcas,
A trempe fugindo da escola.

A pipoca do shopping center
Tinha sal vindo dos mares.
As lojas de roupas falantes,
Os cafés em quiosques uivavam.

Namoros – vulneráveis – brilhavam
No marmóreo chão.
O beijo no edifício sem janela,
Sem saída ou adeuses
Teve sabor de fazenda.
De repente, ouvia-se o som do fliperama
E uma tela mostrava: Game Over.

domingo, 4 de junho de 2017

João Rosa de Castro - Zum


ANÔNIMOS ANÔNIMOS


Notório entusiasmo arma o circo.
A menina ainda dança, ainda menina.
Nunca fechei as portas de nenhum universo:
Tudo fluiu sem propaganda ou compaixão.
Não existe o que eu veja que não seja eu.

Armou-se um funeral para entristecer tanta alegria.
Armou-se a penitência para fechar a liberdade.
O mal útil e os males úteis estão ligados e a solta.
Mas cabe samba no pé e forró nos quadris
Que ser feliz continuamente, docemente, intensamente
É o ofício dos mais deuses.
O mínimo e o quieto só às vezes são felizes.

Tudo nessa vida tem medida
E fica uma balança equilibrando aos ouvidos:
Mais amor, mais amor, mais amor.
Menos amor, menos amor, menos amor.
Não existe o que eu sinta que não seja eu.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...