domingo, 26 de novembro de 2017

João Rosa de Castro - Bis

AS CORES DA PAZ

A mesma paz que faz ver o outro
E cega a barbárie inativa,
Aquela paz das origens,
Que encerra a ação humana,
Será tomada no futuro,
Como o baluarte da alma.
Mãe soberana da esperança,
Da sintonia dos gestos,
Da simetria de dois mundos,
Da empatia oportuna,
Da ajuda que se clama,
Do desejo de construir,
Do fascínio pelo sorriso,
Do harmônico movimento
Do povo no seu destino,
A paz, que surge e acena
E não envelhece o olhar
Renovado à cada estação,
Alimenta-se do próprio tempo,
Exala seu ar pela terra,
Propõe a expansão da existência,
Reúne a arte e a ciência,
Inspira a filosofia,
Invoca a religião.
Pelas mãos da mesma paz,
A comunidade se amplia
Em força e em conhecimento,
A criança anuncia o futuro,
A natureza colore e floresce,
Pulsa o humano coração,
A violência fica sem voz
E o que se promove é a vida,
Como se o começo fosse agora.

domingo, 19 de novembro de 2017

João Rosa de Castro - Bis


MADRIGAL

Que tradição seguiremos
No conglomerado de tribos,
Se a humana força se perde
A cada minuto da hora?
O que há nos lares escuros?
A solidão, o delírio,
A dança, a festa ao domingo
E a timidez nos olhares.
Que multidão formaremos
Nas avenidas abertas
Falando igual idioma
Nessa linguagem secreta?

Vamos pairar feito anjos
Vendo felizes os deuses
De uma distância impossível

Como se não existíssemos.

domingo, 12 de novembro de 2017

João Rosa de Castro - Bis

BIS

A banda feminina passou pela vila.
Nenhuma rasura era permitida.
Nenhuma denúncia, nenhuma violência.
As risadas tão quentes que as moças davam.
A ponta de inveja das que não eram mais fêmeas.
As unhas pintadas de maneira festiva.
A sua intensidade, a sua natural intelectualidade.
Mulheres-maravilhas com as mãos acenando.
Mulheres-gatas – louraças, negraças, morenaças...
As malabaristas circences donas da Terra passavam.
Perfumaram as ruas com fragrâncias exóticas.
Não mostraram a bunda mais do que
A clareza das faces verdadeiras.
Não mostraram a matéria mais do que
A tepidez de suas almas ternas.
A vila ficou menos periférica
Com a passagem da banda feminina.
E elas nem sequer gritaram
Nem tampouco se venderam
Passaram sem caridade,
Sem bondade,
Sem lascívia,
Só passaram.

domingo, 5 de novembro de 2017

João Rosa de Castro - Bis


MÁQUINA-EU

Esse ódio que por mim sentiste
Ficou tão intenso,
Ficou tão vibrante,
Ficou tão contínuo,
Que se tornou cintilante antes de virar amor.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...