domingo, 20 de maio de 2018

João Rosa de Castro - Amor Grátis

ECCE HOMO

Eis que ao sentir a vida tão intensa,
O Belo avança e toma o intelecto
E ao caos do mundo faz surgir um nexo
Resulta-me a razão por fim suspensa.

As sensações do talhe que só pensa,
Ouvindo os sons distantes e incertos,
Vendo na multidão só os espectros
Transformam-se em idéia que convença.

E faço do que sinto o possível,
O exato: matemática, e anseio
Por tudo repetir e nada crio.

Então, o Belo de ininteligível
Da lógica respira e se faz feio
Qual flor que em poucos dias perde o brio.


SUPEREGO CULTURAL

Eu tinha lido, de Freud, A Interpretação dos Sonhos; Mal-Estar na Civilização; O Ego e o Id e outros Trabalhos; e, principalmente, Totem e Tabu e O Futuro de uma Ilusão.
Senti o impulso de tratar mais claramente do que o médico, ou, pelo menos, de maneira mais direta, ou popular, da religião cristã, que Freud discute nO Futuro de uma Ilusão.
O primeiro livro de Nietzsche que lera, havia dezesseis anos, fora justamente O Anticristo, no qual o filósofo condena a fraqueza e a pusilanimidade no interior do espírito da religiosidade cristã.
Já tinha escolhido, mais uma vez, as escolhas alheias. Àquela altura, da escritura de Superego Cultural, eu já vinha amargando uma relação atribulada com os meus circunstantes por supervalorizarem o imaginário da cristandade, por negarem de todo a natureza e a realidade da natureza humana, por me dizerem sempre “graças a deus”, “deus lhe pague” ou “se deus quiser”.
Era-me impossível rechaçar ou condenar a filosofia da negação da cruz proveniente do filósofo e passar a sentir-me mais um ingênuo que pudesse acreditar naquelas promessas despropositadas de 2018 anos atrás. Afinal, estava, e nascera, no “país do carnaval”.
Passei a usar o desprezo com a cristandade, tornei-me mais um pragmático, que tinha muito arroz e feijão pra cozinhar e muita roupa por lavar em vez de estar perdendo meu precioso tempo tratando de coisas supremas que me pudessem enfraquecer ou empobrecer o ânimo.
Donde haver iniciado as primeiras linhas de Superego Cultural. Um livro escrito para além de Pilatos. Nele condeno alguns conselhos supostamente atribuídos ao crucificado, demonstrados como “pedras de toque” no evangelho de Mateus. Tantos são os conselhos absurdos encontrados em apenas doze capítulos, que desisti dos demais. Achei que bastavam esses exemplos de anarquia e de fraqueza de espírito provenientes dos ministros da igreja para poder dar por concluído meu veredicto; que, por fim foi mesmo que o do retorno ao desprezo ou à decisão por um desprezo ainda maior de toda a cristandade.
Há ainda, em Superego Cultural, para quebrar o gelo, e para tentar fazer jus ao título, incursões pelo cotidiano real do narrador com o fito de tornar a obra mais palatável. Porque que é amarga, isto é verdade. Como qualquer remédio eficaz, porém.
Entreguei um original para o amigo poeta Felix Coronel produzir uma apresentação – e até hoje ainda não chegou. Vamos esperar ansiosos!

O seu autor,
João Rosa de Castro.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

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